terça-feira, 12 de julho de 2011

Às 107 cores de Pablo Neruda

O pura substância - nome que foi retirado dum poema do aniversariante - se vê nesta data, 12 de julho, no prazeroso compromisso de rabiscar essa tela com as cores do sangue latino de Pablo Neruda. Se o poeta chileno, peruano, boliviano, argentino, venezuelano, uruguaio, cubano, mexicano, brasileiro, latino, de todo o mundo, estivesse vivo, hoje, completaria exatos 107 anos; nosso sangue oprimido e nosso amor pelo humano terno, que não explore nem oprima, resgatam os belos poemas de Neruda e os põe na realidade cinza, neoliberal, dos tempos atuais. É com infinito deleite que a tela do pura substância será colorida hoje com um dos muitos poemas de Neruda; esperamos que as cores que vossos olhos projetarem dêem contribuições na construção colorida duma nova america-latina, nova áfrica, nova ásia, novo mundo; que as 107 cores do poeta nos auxilie no combate às injustiças dos opressores. Neruda vive nos corações que batem na melodia do amor, da ternura, da justiça, da revolução.


(...)não sou mais que um poeta: amo todos vós,
ando errante pelo mundo que amo:
em minha pátria encarceram mineiros
e os soldados mandam nos juízes.
Porém eu amo até as raízes
de meu pequeno país frio.
Se tivesse que morrer mil vezes
lá quero morrer:
se tivesse que nascer mil vezes
lá quero nascer,
perto da araucária selvagem,
do vendaval do vento sul,
dos sinos recém-comprados.
Que ninguém pense em mim.
PENSEMOS NA TERRA TODA,
BATENDO COM AMOR NA MESA.
Não quero que volte o sangue
a empapar o pão, os feijões,
a música: QUERO QUE VENHA
COMIGO O MINEIRO, A MENINA,
O ADVOGADO, O MARINHEIRO,
O FABRICANTE DE BONECAS,
QUE ENTREMOS NO CINEMA E SAIAMOS
PARA BEBER O VINHO MAIS RUBRO.

NÃO VENHO PARA RESOLVER NADA.

VIM AQUI PARA CANTAR
E PARA QUE CANTES COMIGO.

(fragmento do poema ''Que acorde o lenhador'')

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