terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Hoje não existirá poesia

E se hoje chover? É verão. As manhãs são quentes e as tardes molhadas. Hoje chove; e a felicidade estará estampada nas faces dos que se banham em piscinas luxuosas nutridas pelo desvio do dinheiro público. O descaso dos políticos transformou a chuva em vilã dos pobres. Nós não podemos sentir a acidez das águas do céu escorrer por nossas faces; não podemos correr sem direção pelas ruas em busca da gota perfeita; não podemos sentir o encanto de botar uma pedra de granizo na boca para que não surjam mais dores de garganta. Isso tudo nos foi roubado. Os usurpadores nos tiraram a poesia da chuva. Nesta tarde não existirá poesia. Os ratos passearão felizes como se o mundo somente a eles pertencesse; os móveis usados serão guiados pela correnteza dos córregos; e as notícias dirão, sob a vontade dos que sorriem na beira das piscinas, que nós somos os culpados. Está aí o porquê de não existir poesia na chuva desta tarde.




pirenco

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

crônica dum viajante (26 de dezembro)

Grita o cobrador: “Pimentas. Leblon. Adriano Marrey.” Entram. Sacolas presas às mãos. Velhas. Sofridas. Negras. Brilham. Idosos olhos. Sol quente. Manhã. Domingo. 26 de dezembro. Dia de visita. Penitenciária. Existe missa? Não! A nudez será vista. “Filho. Lhe trouxe doce”.


pirenco

diante de ti

Quero recitar um poema sobre quem vejo.
Porém...
coração bate
mão treme
garganta... nada diz.

Mudo.
Estático.
Diante de ti
a poesia do amor ocupa a expressão do meu corpo.


pirenco

domingo, 26 de dezembro de 2010

O dia de abandonar a vida batendo e por vezes arrombando as portas da sua percepção. Nada a conforta depois que sentiu o frio do abandono. Sozinha. Triste. As lágrimas periódicas escorrem pelo sofrido rosto. 60 anos. Companhia. Cumplicidade. Tudo se findou após o barulho do projétil militar.


pirenco

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Sem açucar.

Não é
doce como musse
de manga ou de
maracujá.

Nem é
tão esclarecedor
nem fatal
como o Wikileaks.

Ou
tão sincera
quanto a bomba
da Coréia do Norte.

A calma do mar
que derrepente
vira carma.

Como a paz
de um monge
pegando fogo.

O chocolate
dentro da caixa,
Lacta.

Doce, não é.
Doce.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

busco nas manhãs
busco nas tardes
busco nas noites
busco...
em todos os momentos,
a existência poética
da vida


pirenco

domingo, 12 de dezembro de 2010

O Grande Ditador




presente também no blog: artepapo.blogspot.com

sábado, 11 de dezembro de 2010

O abatedouro de pombos - I

Tiros no meio da estrada,
sangue na beira do riacho,
uma cruz de madeira-
no meio da praça central.

Plantação de cana,
estupro de damas,
o sol é testemunha
-do sangue que veio com a missão.

-Trago a salvação!
O escravo próximo é você!
Que nada tem de dizer,
a respeito dessa nossa expansão!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

ANIVERSÁRIO DE LUIZ GONZAGA (98 Anos)



MUSEU FONOGRÁFICO LUIZ GONZAGA e a UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

Convidam a todo(a)s a participarem do ANIVERSÁRIO DE LUIZ GONZAGA (98 Anos)

Dia: 13 de Dezembro de 2010
Endereço: Rua Costa e Silva, 1304 - Bairro do Cruzeiro - Campina Grande - PB

Programação:
Visitação pública: a partir das 10 horas da manhã.
Missa campal: 18:00 h.
Shows musicais: a partir das 20:00 h.


Fonte: lampiaoaceso.blogspot.com

domingo, 5 de dezembro de 2010

A grande queimada.

No final da grande queimada, somente as árvores centenárias ficarão de pé. As Mangueiras, as Jaqueiras, os Coqueiros e o único pé de Pau-Brasil que sobrou.
Firmes e fortes darão sombra aos desconhecidos, aos viajantes (exploradores da vida). No Final da grande queimada, as cinzas serão levadas ao deserto, pro
outro lado. Porque aqui, só restará a sombra das minhas árvores centenárias.