quinta-feira, 4 de novembro de 2010

o brilho de um sonho

Uma das coisas mais incomoda deste mundo é deixar de sonhar para acordar. Abrir os olhos em uma manhã de sol ou de chuva me traz a horrível sensação de que meu coração deveria descansar.
No quarto onde me escondo das farpas do mundo tem o que ‘preciso’... cama, livros, criado mudo (o nome deste móvel não me agrada) e os ruídos da solidão - oras alguns alucinógenos me fazem companhia. Deveria ser fácil dormir com a solidão, o silêncio não incomoda muita gente; a mim sim! A eterna falta de barulho me deixa surdo e acabo fechando os olhos para não ver mais o quatro por quatro, fico cego. É nesse momento que me transporto para o mundo perfeito... lá não sou amigo do Rei, mas posso voar, voar, voar como os pássaros domésticos que fogem das gaiolas dos seus donos; as nuvens, só elas, podem observar de perto o brilho nos meus olhos.
Das alturas posso ver o mundo perfeito onde injustiça nem se quer existe no dicionário. A única coisa que ouço são os murmúrios das nuvens e do vento, que parecem dizer “será que o brilho dos olhos dele revela a descoberta de que isso é um sonho?” Finjo não escutar. Vôo para longe.



pirenco

Um comentário:

Danilo Cruz disse...

Um criado mudo com um nome errado, Um rei que permite voar, escuta mas, finge não escutar...Tudo num sonho só. Num processo de desprendimento total!