quarta-feira, 8 de julho de 2009

por entre os vivos

Não sou o Brás, mas também escrevo depois de morto. Meu nome o mundo conhece... todos já ouviram falar em coca-cola, Jesus Cristo e Michael Jackson. Sou o ultimo da lista, porém meu nome é o único que cantou, dançou e bebeu; claro que há também a personagem de Manuel Bandeira, só que ela foi, em vida, diferente de mim, morava em um barraco sem numero; eu morava onde todos sabem: na terra do nunca.
Também troquei de cor. Se tivesse uma chance de falar com o segundo da lista - talvez agora dê – perguntaria o por quê de preto. Sou assim, como o “rei” Roberto Carlos, não suporto preto. O branco é limpo, remete à paz, a tranqüilidade. Juro que perguntaria... por que preto?
Agora que estou aqui neste lugar entre os homens, porém invisível aos olhares mortais, vejo o quanto são falsas as pessoas. São muitas as lágrimas que umedecem o meu caixão de ouro.
Nestas novas andanças por entre os vivos, pude notar que meu pai chorou, e foi sincero. Talvez algum mortal se pergunte, como percebe a sinceridade? Só os mortos a percebem. Papai foi sincero. Claro que há por de traz do sentimento um olhar financeiro que lhe rendeu cinco milhões de dólares pelas lágrimas; mas o que importa este pequeno detalhe agora?
Maldito Kafka; quando o li, ainda preto, comecei a notar um mundo diferente, angustiante. Meu pai aparecia neste mundo como carcereiro da minha cela. Só agora, depois de defunto/escritor, vejo o quanto meu pai é sincero. Se eu pudesse mudar o testamento...



pirenco

2 comentários:

Giovani Rufino disse...

shuashuah, Bruno como tu é mal!
polemico eu diria, gosto desse seu jeito de escrever. E nesse momento tão oportuno arriscaria dizer que Michael Jackson foi o rei negro mais branco que o mundo já viu! ¬¬

Anônimo disse...

realmente, essa viagem do Bruno, foi uma viagem doida, mas o melhor é ele lendo o conto pra ti.