sexta-feira, 21 de outubro de 2011

SEM-TERRA


Pedra Branca, Quixadá,

Veríssimo, Choro Limão.

Neles viveu meu avô,

Pobre e bom cidadão;

Viveu sempre trabalhando,

Mesmo cansado, lutando

Pra enriquecer o patrão.


Fumou cigarro de palha,

Comeu cuscuz com feijão.

Pra sustentar a família

Lascou a palma da mão;

Venceu vento, chuvas, secas,

Arrancou toco, fez cercas

No triste a árido sertão.


Dedicou as forças a terra,

Imensa terra limpou.

Quando ela ficou seca,

Ele, contente, aguou.

Teve filho com Maria:

Amaram-se até que um dia

O destino os separou.


Ele, desde os sete anos,

Terra viveu a cavar,

Plantou riqueza na terra,

Terra pra ele era lar

E, já cansado e velhinho,

Morreu ali quase sozinho,

Sem terra pra lhe enterrar.



escrito por Costa Senna no livro "caminhos diversos - sob os signos do cordel''

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