quarta-feira, 1 de junho de 2011

Sarney e o direito à memória

Escrever sobre certas personagens da política nacional não é muito a idéia deste blog, pelo menos não diretamente. Tem blogs mais interessantes especializado na área. Mas, devida as introduções destes senhores no mundo das artes e das exposições, contribuindo assim para o crescimento cultural do nosso país, aqui estou, tentando entender o que se passa.

Na última segunda-feira,  José Sarney (museólogo, curador e também senador) inaugurou uma exposição no que chamam de Túnel do Tempo do senado nacional, sobre os olhares de alguns alunos de ensino médio e da imprensa tupiniquim. Segundo consta, o tal túnel foi concebido para enaltecer o ego da própria casa, onde eles mesmos elegem de fato, os fatos mais importantes da mesma.

Dentro desta concepção, alguns homens de microfone nas mãos se deram conta de que na exposição faltavam, digamos, algumas partes da história do Brasil. E não era um fato de difícil acesso, arquivo queimados, fotos destruidas de pessoas sendo executadas dentros dos quartéis do exército durante a ditadura, etc. Não! Eram fatos mais recentes. Como por exemplo, a lei da ficha limpa, que colocaria até mesmo o próprio José Sarney (museólogo, curador e também senador) na cadeia.

Mas, o que mais chamou à atenção pela ausência foi o 'impeachment' de Collor.  Aliás, não sei o que chamou mais atenção, a ausência da cara do Collor na exposição ou a declaração do guia Sarney a respeito do acontecido: "Eu não posso censurar os historiadores que foram encarregados de fazer a história. Mas acho que talvez esse episódio seja apenas um acidente que não devia ter acontecido na história do Brasil".

Leitores do pura, realmente chegamos no ponto chave e final deste post, o direito à memória. A exposição foi encomendada pela casa, e teve a tutela de pessoas responsáveis pela nova configuração do que deveria ou não ser colocado ali à mostra. Não foram os historiadores que censuraram os caras pintadas, embora estes também possam contribuir de forma decisiva neste caso. Mas, a ordem veio de alguém que julgou que aquele acontecimento não tem relevância alguma no atual momento político brasileiro. Que achou melhor, não expor o rosto de alguém, em tempos de paz de espírito no congresso.

O direito à memória está lá. Do jeito que dá. Do jeito que alguém quer que ela seja apresentada.E assim estão os livros didáticos do ensino fudamental e médio, alguns podres museus 'históricos', e as cabeças da massa. Porque, o objetivo é esse, construir uma memória nacional, mas, esquecendo os acidentes políticos do país.

 

Um comentário:

bru pirenco disse...

texto crítico com um tempero irônico. o pura vem cumprindo o papel de acordar a história, chacoalhando-a, tirando-a por alguns instantes do sonho cor-de-rosa que nos é pintado desde 1500.
boa Nilo ''guia sarney''kkk.
aponto aqui um ''dom'' dessa figura verminosa... o cara é ''escritor''; o que Lima Barreto naum conseguiu - se acomodar nas poltronas da academia brasileira de letras; vejam só, o excelentíssimo proprietário do norte/nordeste brasileiro conseguiu, posa sua bunda endinheirada na poltrona e desfruta do amargo chá da tarde que é como uma lei... servido pela empregada negra, que, para a alegria da economia, se encontra em extinção como afirmou nosso ilustre intelectual delfim netto.