Preciso
escrever.
Depois
de uma hora e meia de conversa interminável, interrompida pela bateria do
celular que não entende o quanto nos precisamos.
Sim, eu preciso dele e de todas suas
conversas, seu bom humor, suas ideias malucas. Não como um amigo, mas como um
suco que mata a minha sede e minha necessidade de ingerir açúcar, energia.
Preciso também de um chá ou um café,
que pergunta como estou hoje, e amanhã, e como eu estava ontem. Que me quer por
perto diariamente, que me descobre e me encanta embalado por meu senso estético
que dizem ser poesia.
E preciso igualmente de uma bebida
alcoólica, que eu possa descobrir todos os dias os efeitos que me causa. Um
novo tom de voz, toque, olhar, sorriso, intimidade. Um segredo. Outro jeito de enxergar a vida, a calma, a chance de ouvir.
Que cruel esse momento em que sedenta,
arranco meus fios de cabelo um a um. Sentada no banco da praça, aguardando que
a chuva venha para me hidratar, pretendo perder-me numa dessas bebidas,
viciar-me na intenção de não mais sentir sede e curar as feridas no meu coro
cabeludo.
Queria ter todas essas sensações num
mesmo copo. E neste momento arrependo-me, ainda me orgulhando por saber
apreciar. Como se todos os meus órgãos, um a um, enfileirados, quisessem sair
pela boca. Primeiro o coração. É o que estou sentindo agora.
Uma confusão que aos olhos dos
répteis assemelha-se a uma ilusão. Eles sobrevivem mais tempo sem beber água,
eu não.
Nenhum comentário:
Postar um comentário