Entrou no bar e declarou ao proprietário uma singela homenagem aos seus heróis
- me vê uma coxinha
- algo para beber? - perguntou de maneira espontânea o dono do boteco.
- não. só tenho pra coxinha - respondeu com a voz seca e autoritária.
Sem mais perguntas, o dono do bar se vira em direção à grande gaveta onde esconde as coxinhas dos bichos indesejados, pega-a, caminha rumo à bacia de óleo borbulhante. O trabalho com o óleo, a coxinha, a vida, impedem-no de notar que entraram três crianças no boteco. De costas, não pode ver três rostos sujos das brincadeiras de pedir. Paradas, tímidas, dentro do bar, contemplam os objetos e planejam a abordagem.
- aqui... a coxinha está pronta. - neste instante o dono projeta os olhos talvez interrogativos sob as crianças.
- tio... tamu cum fomi. - declara a menina, a menor entre as três.
O dono do bar pensa por alguns milésimos de segundos em algo que somente ele poderia descrever...
- tá bom, tá bom... vô fritá mais trêis. - essas palavras saíram de sua garganta misturadas as possíveis causas da fome.
Ao lado da sujeira infantil, o primeiro freguês - o da coxinha - morde com raiva seu alimento, põe força nas mandíbulas, caniços, tritura o frango, coxinha.
- um dia eu acabo com isso. Deixa suas duas moedas sobre o balcão e abandona o boteco.
pirenco
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