sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Cobrança no boteco do Gordo.

Eu estava no bar, e quando estou no bar estou em casa. E também por que me sinto num altar, meu baralho e meu dominó são como a vela e o santo. No sábado, estava no boteco do gordo e ao meu lado o vizinho conversava com Mauro, e eu conversava com o gordo e ambos tínhamos a satisfação de estarmos ali como se fosse o céu mais perto do mundo. Uma cerveja de leve, minha azeitona sagrada e sol. O vizinho saiu um instante até a calçada pra cuspir e o sol desapareceu. Dois sujeitos estranhos cobrando uma grana, em voz alta, dando prazo de busca e tudo e o vizinho ficou sem voz.
O Gordo achou estranho e preferiu não comentar nada. O Mauro ficou preocupado e o vizinho partiu pra sua casa em passos largos. Eu continuei bebendo minha cerveja que por um momento esqueci. Não fiquei muito assustado, fiquei sem entender, mas, não assustado. Minha cerveja acabou, pedi um conhaque -Pra queimar tudo. Era por volta das 15h00 quando o filho do Mauro chegou no boteco avisando que o vizinho estava morto. Foi encontrado enforcado no seu quarto.




Por: Danilo Cruz.

3 comentários:

Anônimo disse...

Esse é um texto 'pura substancia'... Curto e preciso. Parabéns!

bru pirenco disse...

''achou estranho e preferiu não comentar''

...

a violencia é tão fascinante.

rola uma intertextualidade com o som do legião ou viajei? dahora.

Danilo Cruz disse...

Inconscientemente acredito que sim! Diretamente acho que não, mas o texto verbaliza a violência. Então tem tudo a ver com o som citado.