terça-feira, 4 de março de 2014
Arte Contra o Estado
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Ensaio para uma nova cena.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
647488
madalena disse que seu pai foi expulso da corporação.
e que ele tinha 3 pistolas frias para as ações noturnas
na periferia da cidade. madalena, chora.
"é complicado, temos que assumir ordens, tem os direitos
humanos" era o que estava na ficha do depoimento do pai
de madalena, quando caiu na corregedoria depois de
descoberto o grupo de extermínio.
ontem, morreram mais 20. tudo via arma fria. ordens vinda
do centro. não é pra deixar um vivo. se o bar tiver aberto
descarrega. não é alarme, é sinal vivo de que vem mais uma
execução em massa. uma espécie de continuação da demissão
em massa das metalúrgicas.
madalena se mata com a arma fria do pai. mais uma pra
estatística.
terça-feira, 7 de agosto de 2012
palavras de viagem
árvores verdes de frestas azuis e brancas
formam um quadro penere de paisagem
e
nos olhos de um viajante...
as lembranças que ficaram.
pirenco
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Quando os trabalhadores perderem a paciência,
As pessoas comerão três vezes ao dia
E passearão de mãos dadas ao entardecer
A vida será livre e não a concorrência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Certas pessoas perderão seus cargos e empregos
O trabalho deixará de ser um meio de vida
As pessoas poderão fazer coisas de maior pertinência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências
Quando os trabalhadores perderem a paciência
A pele será carícia e o corpo delícia
E os namorados farão amor não mercantil
Enquanto é a fome que vai virar indecência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Não terá governo nem direito sem justiça
Nem juizes, nem doutores em sapiência
Nem padres, nem excelências
Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca
Sem que o humano se oculte na aparência
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Quando os trabalhadores perderem a paciência
Depois de dez anos sem uso, por pura obsolescência
A filósofa-faxineira passando pelo palácio dirá:
“declaro vaga a presidência”!
Mauro Iasi.
terça-feira, 3 de abril de 2012
a função poética
quinta-feira, 8 de março de 2012
realmente vivo em tempos sombrios.
uma linguagem sem malicia é tola...
uma testa sem rugas implica indiferença.
aquele que ri apenas ainda não recebeu...
a terrível notícia.
Eu queria ser um sábio. Livros antigos dizem o que é sabedoria.
manter-se longe dos problemas do mundo...
e este tempo tão curto deixar passar sem
medo.
seguir seu caminho sem violência...
pagar o mal com o bem...
não satisfazer os próprios desejos, mas
esquecê-los. Isso é sabedoria.
mas não consigo agir assim. realmente...
vivo em tempos sombrios.
B. Brecht
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Certo vôo
pássaro
sabe
a rota
do retorno.
Cada
pássaro
sabe
a rota
de si.
Cada
pássaro,
na rota,
sabe-se
pássaro.
Damário da Cruz
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
semente em terras férteis
Quando criança fui a um enterro, não relato minha idade por falta de lembrança, sei que era jovem, uma semente em terras férteis. Lembro-me, sobretudo, do aroma dum corpo em putrefação. “assassinato. tiros” disse uma mulher ao se aproximar, eu não sabia ao certo o que isso significava; com os olhos em lagrimas e as palavras engasgadas ela continuou comentando o ocorrido: “tiros da polícia. estrada de nazaré. encontraram agora a pouco. fazia tempo que sumiu”. Só agora consigo entender...
pirenco
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
DESPERTA, DOR
Acordei com o barulho do relógio, abri os olhos e a primeira pancada... 4:55 da madrugada. Fui ao banheiro; tomei um banho pelada, muito rápido; água e luz tá o olho da cara. No café... não vai leite, não tem em casa. Só tem café preto e forte pra me manter acordada e sair por aí apresentando a minha carta de entrada, currículo. Tenho poucas copias, tivesse muita, teria de ir a pé. O dinheiro tá contado, recontado, contadinho, pro ônibus e prum salgado de 50 centavos. Sai de casa, dia 13 de fevereiro de 2012, pisei na calçada esburacada, e como guerreira zumbi, subi até o ponto, “esperar o ônibus não é tarefa fácil,” pensei. Ponto lotado, empurra-empurra, sobe, não sobe; dentro mais lotado do que lá fora; “bom dia, motorista.” Ele não responde. Na catraca, a segunda pancada... ARMÊNIA 4,80. aumentaram a passagem. PORRA, ASSIM NÃO DÁ. Cobrador me diz uma coisa... POR QUE TUDO AUMENTA SEM NOS PERGUNTAREM SE AO MENOS QUEREMOS ? Eu não quero esse aumento. Se aceito, fico sem alimento. Essa condução tá mais cara do que o feijão. Cobrador... VAMOS DESPERTAR A NOSSA DOR !!! Preste atenção na jogada... o que você dá de lucro ao patrão, NUM SÓ DIA, paga o teu pão de todo o mês. E além do mais, o patrão não pega ônibus caro e lotado, ele anda de carro blindado com ar condicionado. Assim não dá, vamos despertar, dizer não ao aumento, não ao patrão. Vamos juntos... carona, companheiro?!!!
pirenco