terça-feira, 20 de dezembro de 2011

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

10 megapicsels

do nosso amor só sobrou uma câmera sansungue de 10 megapicsels que você me deu no natal de 2009/ as nossas fotos que tinha nela eu apaguei sem querer/ mas/ serviu pra ajudar a te esquecer/ hoje a cada fotografia que tiro eu dou um sorriso/ é que me lembro você dizendo que essa máquina seria pra tirar fotos do nosso primeiro filho.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Tudo tem um nome

Tudo tem um nome
Tatu, sereia, borboleta
Coração, amor e arrepio


Tudo tem uma luz
Bom dia, semana, noite
Bar de esquina, chuva e espelho

Tudo tem um sabor
Azedo, doce, vazio,
Infência, mãe e abraço

Tudo tem um tempo
Parabéns, adeus, saudade
Fotografias e tumbas

em Poemas Prematuramente Paridos de Eugenio S. Asano

sobre a minha cabeça ou sociabilidade

tenho ao meu lado um papel de pão do qual não fui eu quem comeu. não vô escreve nele; os pensamentos me bastam. Alias, não! Não bastam. é que me rabiscar neste papel de nada vai adiantar; ninguém lê e se lê... não se importa. que se foda os leitores. sim! sim, o meu pensamento me basta e não vô compartilhar ele com quem come o pão. Só, comigo.

tenho agora uma nova morada. não muito diferente das que já fui despejado. esta fica na rodovia com nome de corredor de F1, ayrton senna. Apesar do nome estranho, dizem que ele é do brasil e é um bom corredor; talvez ele já tenha passado pela minha cabeça, passam por ela a todo momento muitos carros correndo pra lá e pra cá. eu não acho bom: carros... gente... passam sem me ver, velozes, o que deixam pra trás é o barulho do escapamento e sua fumaça.

nessa morada tenho cama inclinada e escorregadia; no começo não foi nada fácil encontrar a posição ideal pro sonho. escorregava prum lado, pro outro. em algumas noites cheguei a ter sonhos repetidos em que eu estava diante dos engenheiros que projetaram o viaduto; e eles gordos e presos a roupas limpas diziam entre si ‘esta obra deve ter concreto inclinado e escorregadio em suas bases. Pois desta forma não haverá mais os desgraçados, imundos e magricelos que tanto deixam feias as nossas construções’.

aiaiai, esses meus sonhos... o que tenho alem dos sonhos é uma cama que foi difícil, mas que agora esta fácil de dormir; tive que me adaptar e acabei encontrando uma forma de descanso que não me deixa com dores na coluna ao despertar.

mas, o que mais gosto, não é a falta de dores e sim os meus momentos de sociabilidade – depois que escutei numa propaganda eleitoral esta palavra... sociabilidade... sociabilidade... gostei tanto que bebi três pingas no bar pra comemorar uma palavra nova posta no meu dicionário, sociabilidade... sociabilidade... é linda. e é ela que uso pra descrever a mim o meu momento de sociabilidade, talvez eu tenha pensado nisso tudo por culpa da sociabilidade, a sociabilidade que tenho com as minhas visitas. elas vem do rio, escuro, fedido e que pouco corre pra algum lugar. eu, debaixo da ponte, elas, no tietê. eu sempre achei interessante o dizer de que os cães são os melhores amigos dos homens, talvez seja mesmo; mas de uma coisa eu tenho certeza: as capivaras são as melhores observadoras dos homens. elas saem do seu nado só pra me verem. em mim, misturam-se varias sensações quando me olham, me observam e eu as vejo com seus movimentos leves se aproximando de mim sem piscar os olhos, sociabilidade... sociabilidade... depois de um longo tempo de nos comunicamos com interrogações silenciosas, elas vão se arrastando pro rio com uma tristeza lenta; nadam... nadam... e eu... fico com o barulho dos carros que passam com gente pra lá e pra cá, sobre a minha cabeça.


pirenco