sábado, 29 de outubro de 2011

Burroughs & Zé.


Burroughs escreveu sobre gatos e Zé Ramalho sobre borboletas, numa abstração mágica da relação entre o homem e suas profundas crises e esquisitices. Tanto um quanto o outro trasncederam o limite da arte e da literatura -marginal.

Nenhum dos dois leram Manifestos, além dos Manifestos poéticos. Para que assim não entrassem em contradição consigo mesmo todas as vezes que fosse escrever suas prosas, contos e poemas. Assim foram mais livres e assim escreveram sobre gatos e borboletas e coqueteis explosivos. 

Desenquadraram suas letras, foram longe, adptaram conexões surreais ao seus modos. Se encontram muito mais do que os críticos dizem se encontrar em suas trajetórias. Zé toca Bob Dylan, mas não vejo graça nas versões forçadas deste para com as músicas daquele. Dylan é mais Kerouac -ele mesmo disse- e Zé é mais Burroughs -eu que estou dizendo.

Por fim, entre as diferenças sobra muita coisa boa pra se ler e ouvir. Longe de algo empacotado,o trabalho desses dois especialistas em domesticar animais serve de referência pra um monte de guri que anda escrevendo e cantando por aí. 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

SEM-TERRA


Pedra Branca, Quixadá,

Veríssimo, Choro Limão.

Neles viveu meu avô,

Pobre e bom cidadão;

Viveu sempre trabalhando,

Mesmo cansado, lutando

Pra enriquecer o patrão.


Fumou cigarro de palha,

Comeu cuscuz com feijão.

Pra sustentar a família

Lascou a palma da mão;

Venceu vento, chuvas, secas,

Arrancou toco, fez cercas

No triste a árido sertão.


Dedicou as forças a terra,

Imensa terra limpou.

Quando ela ficou seca,

Ele, contente, aguou.

Teve filho com Maria:

Amaram-se até que um dia

O destino os separou.


Ele, desde os sete anos,

Terra viveu a cavar,

Plantou riqueza na terra,

Terra pra ele era lar

E, já cansado e velhinho,

Morreu ali quase sozinho,

Sem terra pra lhe enterrar.



escrito por Costa Senna no livro "caminhos diversos - sob os signos do cordel''

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

entre a inflação e a radionovela

não sei porque tiraram os trens de circulação. não sei porque tiraram as rádionovelas que tinha no meu tempo. não sei porque tem horário de verão, como pode rezar o terço ainda de dia? tão acabando com tudo. nem os finais de novela são como antigamente. antigamente tinha aquele suspense pra o final. hoje em dia não! na segunda feira, ou na terça já adianta logo tudo,uma coisa horrível. até bater na criança não pode mais. porque os direito humano já não sabe mais o que faz. e a inflação? vixe maria, tá tudo caro demais.  podia chamar os escritor de novela, pra adiantar logo o final dela.adiantava pelo menos a desgraça dos preço alto. porque novela como antes eles já não faz.