terça-feira, 30 de agosto de 2011

às vezes é preciso olhar as formigas para entender o mínimo do humano. Caeiro, se ainda bebesse absinto pela boca de Pessoa, diria que olha-las é somente olha-las, sem metafísica - não buscaria compreender nada. só vê-las o deixaria contente. Porém, eu, que não estou bêbado, aconchego minhas nádegas sobre a infinita grama verde e vejo o trabalho das formigas, penso no humano...




pirenco

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Os objetos estão na sua cabeça.

“Ao invés de investir R$ 1 milhão ou R$500 mil em um museu municipal, é melhor calçar algumas ruas”. É assim que se começa todo e qualquer debate de repartição de verba na administração pública, e aqui não vale citar as cidades que cabe essa realidade, são milhares.

E me inclino a levantar a bandeira que cultura e governabilidade traçam caminhos tortuosos em que a prioridade de um é o declínio do outro, fato. Museu não dá voto, paralelepípedo dá.Realidade. Museu, dependendo do seu gestor, educa. Paralelepípedo calça as ruas de areia para os carros passar.
A gente tem que escolher entre saneamento básico e o museu. Aliás, a gente não tem que escolher é nada. Uma cidade que tem esgoto a céu aberto, não tem condições de gastar a verba da cultura com a cultura, tem que gastar com esgoto.

O que tem de vagabundo que sustenta essa idéia - são muitos. Autogestão cultural para não depender desse tipo de gente. Se a exposição interessa a seu bairro ou sua rua, monte-a. A rua pode ser essa com esgoto a céu aberto e sem paralelepípedo. Os objetos estão na sua cabeça.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Amado, carrossel de menino, Lampião

Amado carrossel onde menino Jorge se tornou Lampião
azul... verde... amarelo... roxo... e sangue.
luz refletida pelo céu da noite
vinda de sobre o cavalinho nunca nauseado,
olhos abertos
revólver da imaginação engatilhado
vermelho, vermelho, vermelho
escorre
dos olhos a alegria de ser Lampião...
criança...
que não acabe a brincadeira.



inspirado no trecho as luzes do carrossel da obra ''capitães da areia'' de Jorge Amado.



pirenco

Quando os trabalhadores perderem a paciência


As pessoas comerão três vezes ao dia
E passearão de mãos dadas ao entardecer
A vida será livre e não a concorrência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Certas pessoas perderão seus cargos e empregos
O trabalho deixará de ser um meio de vida
As pessoas poderão fazer coisas de maior pertinência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

O mundo não terá fronteiras
Nem estados, nem militares para proteger estados
Nem estados para proteger militares prepotências
Quando os trabalhadores perderem a paciência

A pele será carícia e o corpo delícia
E os namorados farão amor não mercantil
Enquanto é a fome que vai virar indecência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Não terá governo nem direito sem justiça
Nem juizes, nem doutores em sapiência
Nem padres, nem excelências

Uma fruta será fruta, sem valor e sem troca
Sem que o humano se oculte na aparência
A necessidade e o desejo serão o termo de equivalência
Quando os trabalhadores perderem a paciência

Quando os trabalhadores perderem a paciência
Depois de dez anos sem uso, por pura obscelescência
A filósofa-faxineira passando pelo palácio dirá:
“declaro vaga a presidência”!

(Mauro Iasi)